Alexandre Neves alerta para a “cegueira deliberada”

A máxima segundo a qual o pior cego é aquele que não quer ver se aplica perfeitamente a factorings e seguradoras preocupadas apenas com a liquidez do título e a qualidade da operação em si, sem analisar a procedência e o destino dos recursos nela envolvidos.
A advertência foi feita pelo advogado Alexandre Fuchs das Neves, consultor jurídico do SINFAC-SP, ao ministrar, no dia 16 de março na sede da entidade em São Paulo, mais um curso sobre “Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro e Formação do Manual”.
De acordo com o Neves, praticar o que ele chama de “cegueira deliberada” é um procedimento dos mais arriscados, podendo levar uma empresa a se envolver com dolo eventual num crime que não é seu, simplesmente por assumir o risco ao deixar de adotar as medidas e cautelas cabíveis.
“O afã de operar pode criar um muro impedindo se enxergar que uma operação muito rentável esteja, na verdade, acobertando um ato ilícito”, argumentou o especialista.
Neves lembrou ainda que certas atividades econômicas devem ser analisadas com atenção especial, havendo na regra do COAF um artigo dizendo expressamente sobre a necessidade de se ter uma ferramenta interna para mitigar a ocorrência de lavagem de dinheiro.
Para Paulo Afonso da Silva, operador da Ouro Fomento Mercantil, de Mococa, é fundamental reciclar sempre os conhecimentos neste campo. Por isso já fez o curso outras quatro vezes. “A cada ano surgem novidades e a gente precisa estar sempre atualizado sobre o que acontece no mercado”, justificou.
Virgínia Brito Davi, da paulistana Abapa Securitizadora, também já havia passado pelo curso. “Vou chegar amanhã na empresa e corrigir algumas rotas”, informou a gerente-geral, referindo-se a aspectos como o não pagamento a terceiros.